domingo, 28 de fevereiro de 2010

Novo estudo revela por que alguns seropositivos são imunes à SIDA


Existem alguns indivíduos seropositivos, cerca de cinco por cento, que nunca chegam a desenvolver a SIDA, mesmo não tomando antiretrovirais. Esse fenómeno tem sido um mistério para a ciência. Agora, um grupo de investigadores do Hospital Clínic, em Barcelona, publica um estudo na «PLoS One» onde revela novidades sobre este fenómeno.

O segredo está no funcionamento do sangue, onde se esconde uma família de células do sistema imunológico, as dendríticas. Aí, as moléculas alfa-defensinas concentram-se em quantidade até dez vezes superiores à dos restantes infectados pelo vírus.
No estudo agora publicado, os investigadores explicam que nesta minoria de indivíduos, designados «controladores de elite», o sistema imunológico não sofre a progressiva destruição que o HIV empreende no próprio dia em que invade o organismo.

A maior parte dos indivíduos afectados, se não receber tratamento, fica com o sistema imunológico destruído em dois ou três anos após a infecção e começa a sofrer de inúmeras infecções e tumores.

No início, a infecção é igual para todos, sejam eles «controladores de elite» ou não. Algumas horas depois de entrar numa primeira célula sanguínea, o HIV faz 500 mil cópias de si próprio.

Apesar de essas cópias morrerem na luta com as células do sistema imunitário, o vírus continua a autoreproduzir-se até estabilizar com uma presença constante de 50 mil cópias por mililitro de sangue.
Na minoria de infectados, este processo pára pouco depois a infecção ter início. As moléculas alfa-defensinas das células dendríticas não permitem que o vírus complete a sua viagem através do sistema imunitário. Sem tomar qualquer medicamento, os «controladores» continuam durante anos com apenas 50 cópias do vírus por mililitro de sangue.

Os investigadores acreditam que incentivando a acção das células dendríticas era possível que o HIV não invadisse o resto do sistema. Estas células são a primeira barreira defensiva que é destruída e são elas que o vírus utiliza como veículo para entrar nos gânglios linfáticos.

As alfa-defensinas, que podem ser descritas como a antibióticos naturais, são consideradas uma barreira eficaz contra toda a classe de vírus. Mas até agora desconhecia-se a sua elevada presença no sangue dos controladores.

O responsável pelo estudo, Josep Maria Gatell, explica que
“quantas mais cópias de alfa-defensinas se tem, melhor se controla do HIV”. Os investigadores querem agora encontrar um método que estimule a produção dessas moléculas nos restantes indivíduos infectados e assim consigam tornar-se também eles «controladores de elite».

Comparação dos níveis de alfa-defensinas
                                                      Comparação dos níveis de alfa-defensinas



Sara Esteves

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Rato pigmeu africano: as fêmeas são XY..os investigadores explicam

Na grande maioria dos casos, o cromossoma Y determina o sexo nos mamíferos. O rato pigmeu africano é uma excepção a esta regra. Nesta espécie, que é bastante próxima do rato doméstico, é o cromossoma X que determina o sexo.

Uma equipa liderada por Frédéric Veyrunes, investigador no Institut des Sciences de l'Evolution em Montpellier, em colaboração com biólogos do Institut de Génomique Fonctionnelle em Lyon, identificaram este caso inesperado de determinação sexual.


Na grande maioria  dos mamíferos, a determinação do sexo segue a seguinte regra: um arranjo cromossómico XX define uma fêmea, enquanto que um arranjo cromossómico XY determina um macho.
Contudo, algumas situações desviam-se deste princípio - é o caso de anomalias cromossómicas que na generalidade causam esterilidade.
Alguns mamíferos não obedecem a esta regra. Até agora, apenas sete casos de determinação sexual inesperada foram observados (todos em roedores).

No cromossoma Y, o sexo é determinado pela presença ou ausência de um único gene chamado Sry (sem este gene, as gónadas desenvolvem-se como ovários).
Através do estudo de diferentes populações de ratos pigmeus africanos, os investigadores observaram uma proporção elevada de fêmeas férteis que possuem o par sexual XY.

Resta apenas uma questão: Porque razão é que estas fêmeas XY não desapareceram como resultado de selecção natural? Várias hipóteses foram formuladas para explicar este paradoxo evolucionário, hipóteses estas que se encontram a ser estudadas em detalhe.

Rui Lopes

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Foi possível comunicar com um doente em estado vegetativo



Um homem que em 2003, aos 29 anos, teve um grave acidente rodoviário ficou em coma. Quando acordou, ficou apenas num estado vegetativo - não tem capacidade de linguagem nem de interacção com os outros, apenas algumas reacções reflexas. Há cinco anos que estava assim, até que os médicos do Coma Science Group da Universidade de Liège e da Unidade de Cognição e Ciências do Cérebro da Universidade de Cambridge (Reino Unido) o submeteram a um exame de ressonância magnética funcional - a tal tecnologia que permite ver o cérebro a pensar. "Ele conseguia responder correctamente às perguntas, simplesmente modulando os seus pensamentos, que eram descodificados pela ressonância magnética funcional", diz Adrian Owen, de Cambridge, citado num comunicado da universidade belga.

Esta descoberta pode ter importantes implicações clínicas: "Pacientes que não podem mexer-se, nem falar para dizer o que sentem, poderão ser interrogados sobre se sentem dor, para permitir adaptar o tratamento com analgésicos", exemplifica Audrey Vanhaudenhuyse, neuropsicóloga da equipa de Liège.

Mas isto não quer dizer que todos os pacientes em estado vegetativo estejam conscientes - nesta amostra de 23, apenas quatro deram sinais de consciência. "Ainda é apenas um começo, mas esta técnica tem o potencial de melhorar a qualidade de vida dos pacientes", comentou Steve Laureys, também da equipa de Liège.


Ainda que a resposta seja, para já, bastante limitada, este avanço pode ser a única forma de contacto entre os doentes e as respectivas famílias e médicos.

Marta Ferreira

Aprovado primeiro ensaio clínico para tratamento da paralisia cerebral com células estaminais

O Food and Drug Administration (FDA) aprovou o primeiro ensaio clínico controlado com o objectivo de determinar se uma infusão de células estaminais do sangue do cordão umbilical pode melhorar a qualidade de vida das crianças com paralisia cerebral.

A paralisia cerebral, causada por uma lesão cerebral ou falta de oxigénio no cérebro antes do nascimento ou durante os primeiros anos de vida, pode afectar o movimento, aprendizagem, audição, visão e capacidades cognitivas.

Segundo o líder da investigação, James Carroll, do Medical College of Georgia, nos EUA, estudos prévios realizados em animais tinham indicado que as células estaminais contribuíam para a recuperação das células danificadas do cérebro e substituíam aquelas que tinham morrido.

Para este estudo, 40 crianças com uma idade compreendida entre os 2 e os doze anos irão ser submetidas a um exame neurológico. Seguidamente, metade dos participantes receberá uma infusão do seu próprio sangue do cordão umbilical, enquanto à outra metade irá ser administrado um placebo. Três meses depois, as crianças voltarão ser avaliadas sem que os médicos saibam que crianças receberam a infusão das células estaminais. Numa fase posterior, as crianças pertencentes ao grupo de controlo também irão receber a infusão.


Rui Lopes

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

BioDesign - desenvolvimento de organismos sintéticos imortais

A agência do Pentágono DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency) vai investir seis milhões de dólares para a pesquisa na criação de organismos sintéticos cujo DNA será manipulado para os fazer imortais ou morrerem quando lhes for indicado. 
Este projecto para criar vida artificial será desenvolvido a partir deste ano e poderá ter propósitos militares.

O projecto, intitulado «BioDesign», foi apresentado no programa de financiamento para 2011 desta agência e já está a provocar polémica.

O que se pretende, pode ler-se no resumo do projecto é “eliminar a aleatoriedade do avanço evolutivo natural, principalmente através da engenharia genética e das tecnologias de biologia molecular, para se conseguir produzir um determinado efeito”.

No documento diz-se ainda que o objectivo é “desenvolver uma sólida compreensão dos mecanismos colectivos que contribuem para a morte da célula de modo a permitir a criação de uma nova geração de células regenerativas que podem ser programadas para viver indefinidamente”.

Rui Lopes

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Novo sistema detecta aneurismas automaticamente

Novo sistema da IBM e Mayo Clinic detecta risco de aneurismas com 95% de eficácia. O sistema baseia-se num algoritmo que faz a detecção com base em imagens de angiogramas por ressonância magnética.

O projecto conjunto entre a IBM e a Mayo Clinic pode vir a salvar milhares de vidas em todo o mundo ao detectar precocemente o risco de um indivíduo vir a sofrer um aneurisma mortal.

O novo sistema, testado com 15 milhões de imagens obtidas por angiograma por ressonância magnética, apresentou uma eficácia de 95% contra 70% da precisão obtida quando as imagens são analisadas por radiologistas, indicam os cientistas na edição de 24 de Novembro, da publicação científica on-line Journal of Digital Imaging.

Os investigadores da Mayo Clinic desenvolveram um algoritmo para detectar automaticamente aneurismas no cérebro – uma protuberância anormal nos vasos sanguíneos no cérebro – e indicam que o sistema de detecção disponibiliza os resultados apenas dez minutos após a captação da imagem por um exame normal de angiografia por ressonância magnética.

O algoritmo desenvolvido consegue alinhar e analisar as imagens para localizar e marcar potenciais aneurismas, menores de cinco milímetros, com a máxima precisão e rapidez.

«Este esquema completamente automático é significativo para ajudar os radiologistas a detectar aneurismas nos exames de angiografia por ressonância magnética», afirma Bradley Erickson, radiologista da Mayo Clinic e um dos investigadores envolvido no estudo.

Com esta nova plataforma, os investigadores dizem que os radiologistas poderão usufruir de uma ferramenta mais rápida e precisa para a detecção de aneurismas no cérebro, enquanto os pacientes passam a dispor de um meio de diagnóstico mais acessível, dado que o até agora utilizado apresenta riscos devido à implementação de um cateter para a injecção de tinta no organismo. 

Rita

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Revelada estrutura da enzima responsável pelo vírus da SIDA

Pela primeira vez em 20 anos foi desvendada uma peça chave do puzzle do HIV.
Uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiu finalmente encaixar uma peça necessária para decifrar a complexidade do vírus da imunodeficiência humana.


Os cientistas desenvolveram um cristal que revela a estrutura da integrase, a proteína que se encontra no interior do vírus e que infecta o organismo, como a utilizada para copiar e passar a informação genética para as células.
O papel desta proteína é tão importante que uma das famílias de fármacos já utilizada actualmente actua sobre ela para controlar a infecção.

“Desmascarar a integrase ajudará os investigadores a melhorar a terapia actual, a evitar as resistências e acima de tudo desenvolver novos tratamentos”, explicaram os cientistas no trabalho publicado na revista Nature.

Para conseguir ver esta proteína em três dimensões, a equipa, dirigida por Peter Cherepanov, desenvolveu um cristal a partir de uma versão da proteína (PFV) − idêntico ao HIV.

Foram precisos quatro anos e 40 mil ensaios para ser possível visualizar a estrutura da proteína em três dimensões.

Este trabalho mostrou que a estrutura da integrase é diferente do que se acreditava. “Tem sido uma história muito emocionante. Quando começamos o projecto sabíamos que era muito difícil e que muitos tinham tentado o mesmo anteriormente. Porém, começamos pouco a pouco e apesar de fracassarmos muitas vezes, não desistimos. No final o nosso esforço foi recompensado”, conclui Cherepanov.

Rui Lopes