Uma equipa de investigadores do Imperial College de Londres e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiu finalmente encaixar uma peça necessária para decifrar a complexidade do vírus da imunodeficiência humana.
Os cientistas desenvolveram um cristal que revela a estrutura da integrase, a proteína que se encontra no interior do vírus e que infecta o organismo, como a utilizada para copiar e passar a informação genética para as células.
O papel desta proteína é tão importante que uma das famílias de fármacos já utilizada actualmente actua sobre ela para controlar a infecção.
“Desmascarar a integrase ajudará os investigadores a melhorar a terapia actual, a evitar as resistências e acima de tudo desenvolver novos tratamentos”, explicaram os cientistas no trabalho publicado na revista Nature.
Para conseguir ver esta proteína em três dimensões, a equipa, dirigida por Peter Cherepanov, desenvolveu um cristal a partir de uma versão da proteína (PFV) − idêntico ao HIV.
Foram precisos quatro anos e 40 mil ensaios para ser possível visualizar a estrutura da proteína em três dimensões.
Este trabalho mostrou que a estrutura da integrase é diferente do que se acreditava. “Tem sido uma história muito emocionante. Quando começamos o projecto sabíamos que era muito difícil e que muitos tinham tentado o mesmo anteriormente. Porém, começamos pouco a pouco e apesar de fracassarmos muitas vezes, não desistimos. No final o nosso esforço foi recompensado”, conclui Cherepanov.
Rui Lopes
3 comentários:
Este é um grande passo para a luta contra esta doença!
Conhecendo a estrutura desta enzima poderemos descobrir formas mais eficazes a inactivar, o que pode tornar os retro virais muito mais eficazes!
Vale a pena ser persistente, não é verdade? 40 mil ensaios...é sinal que não se desiste.
Sabe-se há muito tempo o papel fulcral da enzima integrase do vírus HIV na replicação vírica, pois esta enzima é responsavel pela integração de DNA vírico (após conversão pela transcriptase reversa, do RNA do vírus em DNA), no genoma da célula hospedeira (ou seja, do ser humano). Sem esta enzima INTEGRASE seria impossível o vírus multiplicar-se num organismo infectado por HIV, e portanto tornou-se num alvo muito apetecível da investigação que se desenvolve neste campo.
O único fármaco desenvolvido até ao momento que actua como inibidor da integrase (o RALTEGRAVIR), é uma promessa na terapêutica actual contra este vírus, contudo ainda se encontra em fase de ensaio clínico, e portanto em estudo. Contudo pode ser um bom fármaco na luta com esta terrível doença, a somar aos fármacos já em uso no dia-a-dia como os das seguintes classes: inibidores da entrada celular, inibidores da transcriptase reversa ou inibidores da protease; esta poderá ser uma boa arma para juntarmos ao arsenal terapêutico que temos disponível para combater esta infecção. Esperemos que novas investigaçoes tragam novos conhecimentos acerca do HIV, pois infelizmente os fármacos que temos agora, apesar de actuarem em passos limitantes da replicaçao vírica e "teoricamente" poderem PARAR essa multiplicaçao do vírus, a verdade é que na prática clínica isso não é bem assim, e vemos que os resultados não sao tao bons quanto os esperados, pois apenas conseguem retardar a evolução da doença e não erradicá-la definitivamente. Provavelmente num futuro breve as coisas mudem, e este como tantas outros, é mais um estudo que demonstra o esforço mundial que fazemos para derrotar esta infecçao!
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